Se perguntassem em 2010 quais
franquias renderiam as melhores trilogias dessa década, eu duvido que alguém viesse a apostar em Planeta dos Macacos sequer no top 10. A primeira tentativa de
reboot com Tim Burton na virada do século foi catastrófica e parecia ser uma
saga que não cabia nos dias atuais. Bobagem! Filme após filme o reboot atual
não só modernizou a franquia através da nova forma de atuação com a captura de
movimentos, mas impressionou com um enredo forte, coeso e que chega a uma
conclusão de altíssimo nível!
Acho que o maior feito dessa nova
saga é o quão crível a jornada consegue ser. O caminho traçado por Caesar desde
sua criação até o fim da Guerra pelo planeta contra os humanos parece muito
maior do que três filmes e ainda assim é completa e fica devendo em nada para outras grandes sagas. Vimos sua espécie nascer, crescer e se
desenvolver de forma e sob argumentos que justificam que esse tenha se tornado
um planeta de macacos.
Depois de Origem e Confronto, o
titulo de Guerra é perfeito para esse terceiro capitulo. Ele entrega todo o
conceito de um filme do gênero, desde as mudanças de lado geradas pelas divergências
internas das linhas de pensamento, as certezas de razão de lados opostos, a
perda da sanidade em busca de sobrevivência ou vingança. Todos os pontos
necessários para empregar realismo, empatia e humanidade a ambos os lados da
tal Guerra são trabalhos em uma historia claramente mais preocupada com
desenvolvimento de seus personagens que com qualquer outra coisa.
Se a mudança de direção do
primeiro para o segundo filme se mostrou acertada pelo excelente trabalho de
Matt Reeves em O Confronto, aqui isso só se reafirma. A direção dele passeia
com leveza entre o épico e o elegante, entregando um filme muito bonito e com
sequências e frames que estão entre os melhores que eu já vi. Toda a sequência
nas cavernas sob a cachoeira, por exemplo, está sem duvidas entre os melhores
trabalhos de direção que me lembro de ter visto recentemente. E tente não se
empolgar para o próximo trabalho dele, O Batman, ao ver a cena do Colonel
pendurado no alto da cachoeira.
A atuação do filme se mantém de altíssimo
nível, e o mercado precisa aceitar essa nova forma de atuação e premiar Andy
Serkins urgentemente. Parece uma evolução de 50 anos desde o que ele conseguiu
fazer no primeiro filme, de 100 desde o que fez em O Senhor dos Anéis. Além
dele, o Bad Ape de Steve Zahn é de um charme absurdo e vem como o necessário
alivio cômico em um filme tão grave, enquanto o Colonel de Woody Harrelson
talvez soe meio estereotipado a principio. A principio, pois não é difícil o
reconhecer em tempos de idealistas fanáticos.
Impossível terminar o review sem
comentar o trabalho incrível de Michael Giachinno na trilha do filme,
misturando seu histórico em produções Disney com um quê clássico que deixou o
filme ainda mais grandioso e único. Um clássico único, é em que esse filme
transforma a trilogia Planeta dos Macacos, a ponto de ter me deixado com a
estranha sensação de satisfação com o resultado morno da bilheteria, pois se com
isso for possível garantir que encerrem aqui essa saga, é um resultado que veio
a calhar. Ela conclui seu objetivo, se encaixa até bem ao original de 1968 e eu
só consigo esperar por um lindo Box para colocar junto a outras coleções memoráveis.
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